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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Em busca de inclusão social plena

O que está sendo feito para que os deficientes visuais possam interagir na vida acadêmica.
Publicado em 15/03/2005 - 02:00

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Em busca de inclusão social plena

Sinais da inclusão

Acessibilidade física é o desafio

O acesso à Educação é um direito de todos, independe da origem étnica, social ou religiosa. Neste espectro, não podem ser esquecidos os portadores de deficiências, sejam elas quais forem. É, portanto, uma obrigação as universidades brasileiras se estruturarem para receber essas pessoas que precisam contar com soluções que facilitem suas necessidades especiais, incluindo os deficientes visuais, justamente para que todos possam ter acesso o ensino superior de uma maneira uniforme e sem discriminação. Isso vem sendo uma obrigação de toda e qualquer instituição, seja ela pública ou privada, conforme prevê a Portaria nº 3284 do MEC (Ministério da Educação), que desde 2003 assegura aos portadores de deficiência os direitos de acessibilidade à educação em todos os níveis. Segundo a assessora técnica da SEESP (Secretaria de Educação Especial do MEC) Maria Glória Batista Mota, a universidade deve ter o compromisso formal de atender todas as necessidades do portador de deficiência até que esse aluno conclua o curso.No caso específico dos deficientes visuais, para que haja, de fato, uma inclusão, a instituição deve manter uma sala de apoio equipada com uma máquina de datilografia braile ou computador adaptado com impressora braile e um scanner acoplado, sistema de síntese de voz, gravador, além de equipamentos para ampliação de originais para os alunos com visão restrita. Estes não são os únicos procedimentos que a universidade deve providenciar. É necessário, também, que ela disponibilize a seu aluno um acervo bibliográfico adaptado, seja ele em braile ou em fita. "A portaria exige que a instituição tenha pelo menos um equipamento mínimo para que esse aluno deficiente visual tenha a mesma experiência universitária que outro aluno qualquer", explica o coordenador do curso de Direito da FGV-Rio (Fundação Getulio Vargas - Rio de Janeiro), José Ricardo Cunha. A necessidade, portanto, de manter todos esses equipamentos não é apenas um luxo, mas, sim, um direito assegurado pelo MEC por meio dessa mesma portaria, para que o aluno possa obter igualdade de condições no processo de educação. "Os materiais e as oportunidades devem ser iguais. O que diferencia é que esses materiais devem ser adaptados de maneira acessível a esse aluno", conta a chefe de gabinete da direção geral do Instituto Benjamin Constant e portadora de deficiência visual, Maria da Glória de Souza Almeida. O que acontece na prática?O número de deficientes que buscam acesso à universidade está crescendo bastante, mas nem todas as instituições possuem uma estrutura para receber esses alunos. Segundo Cunha, isso acontece por dois motivos: primeiro, pelo fato de a portaria ser recente; e, segundo, por uma razão cultural. "Mas, esse aluno pode exigir da sua instituição a implementação desse apoio de infra-estrutura. Primeiramente, deve recorrer administrativamente. Mas se não for suficiente, poderá recorrer em juízo", indica o professor. Nenhuma instituição pode recusar um aluno que foi regularmente aprovado no seu processo seletivo pelo fato de possuir qualquer tipo de deficiência. Ela é obrigada a conceder essa vaga e a se adaptar às necessidades desse aluno. "É muito importante frisar que o estudo é um direito de qualquer cidadão brasileiro", comenta a assessora técnica da SEESP. Existem algumas universidades brasileiras que já começaram a se mobilizar para atender as necessidades de seus alunos deficientes visuais. A Unicid (Universidade da Cidade de São Paulo) é uma delas. Possui um centro acadêmico de apoio ao deficiente que tem o objetivo de adaptar os materiais didáticos aos seus alunos portadores de deficiência e atender todas as necessidades que eles possuem. O centro não atende apenas os universitários, mas oferece também auxílio à sociedade. São vários os projetos implementados pelo centro, como os de adaptação e mobilidade dentro da universidade, cursos especiais para professores e funcionários da instituição, além da implementação de equipamentos especiais para a integração desse aluno dentro de sala de aula. "O gasto que você tem com esses projetos é muito pouco, perto daquilo que pode estar oferecendo a esse aluno. É a possibilidade de dar o direito ao aluno que não enxerga de ser igual", afirma o coordenador do centro, Eduardo José Drezza. Outra universidade que possui um projeto similar é a UnB (Universidade de Brasília). Segundo a coordenadora geral de apoio ao portador de necessidades, Eleida Bueno, a instituição possui diversos programas de auxílio para que os alunos portadores de necessidades especiais possam ter uma integração na vida acadêmica. "É o que todas as universidades deveriam fazer, mas, infelizmente, nem todas têm essa consciência", comenta Eneida. Processo Seletivo É importante explicar que o portador de deficiência visual concorre a uma vaga nas universidades como outro candidato qualquer. A prova também é a mesma. O único diferencial é que o deficiente faz a prova com um ledor e algumas universidades oferecem essa prova em braile. Para a coordenadora do Instituto Benjamin Constant, Maria da Glória, o ideal seria que o candidato pudesse optar pela maneira de fazer essa prova. Porém nem todos os processos seletivos oferecem isso. "As provas com ledores são muito complexas. Por isso, as universidades deveriam colocar equipes de ledores capacitadas para tal. Afinal, ler certas matérias não é para qualquer um: ele está lendo a prova para alguém e por alguém", argumenta a coordenadora.Inclusão social De fato, é muito complicado saber se realmente existe uma inclusão social no Brasil e nas universidades brasileiras. Segundo o aluno do terceiro ano de Processamento de Dados da Unicid, Cassio Santos, de 22 anos, deficiente visual, com a invenção de diversos sistemas de adaptação para os deficientes visuais, o processo de inclusão no ensino superior teve um grande salto, mas diz acreditar que ainda existe muita coisa a ser feita. "As pessoas passaram a ter uma outra visão do deficiente. Porém o maior problema é que a todo momento temos que estar provando que somos capazes de fazer as coisas tão bem e as vezes até melhor do que as outras pessoas. Mas, para isso, é preciso termos oportunidade, e nem sempre as conseguimos", argumenta o estudante. "A tendência é dar um salto grande nessa área da inclusão. Os avanços tecnológicos estão mostrando às pessoas que os deficientes podem estar interagindo por meio de adaptações, praticamente em quase todas as áreas". Para a coordenadora Maria da Glória, a inclusão social plena não existe para ninguém. "Nós estamos em um país que tem um nível de exclusão bastante elevado. Agora existe, sim, hoje, mecanismos muito mais eficazes do que no passado, que estão aumentando bastante o número de universitários com deficiência visual", conclui Maria. Mas como conseguir que a façanha de garantir essa inclusão? Há muitas controvérsias nessa questão, mas para o professor Eduardo Drezza essa inclusão existiria com a conscientização das pessoas. "E uma grande contribuidora é a educação." Já a coordenadora do Instituto Benjamin Constant diz acreditar que essa inclusão só ocorrerá verdadeiramente se as pessoas passarem a enxergar os portadores de necessidades especiais como indivíduos e não como deficientes.
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Fonte:

http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=6438

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