Este espaço é para ser compartilhado entre aqueles que acreditam que incluir é respeitar o outro e a si mesmo, contribuindo para a construção de uma sociedade justa e plena! "Este espacio es para ser compartido por quienes creen que incluir y respetar a otros o a así mismos, contribuye a construir una sociedad más justa y plena" Prof. Saulo C Silva

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Sensibilizar para não perder

Maite Mendes


Entrar para uma Universidade pública não é fácil. Se manter nela, menos ainda. Se as dificuldades já são grandes para as pessoas em geral, elas são ainda maiores para estudantes com deficiência. Projetos de inclusão nessa área sempre existiram, mas quando atuam de forma isolada, as iniciativas perdem força e acabam fracassando. Com o intuito de solucionar esse problema, surgiu o Sensibiliza - programa coordenado por professores da Universidade Federal Fluminense. O objetivo é o de criar uma política de inclusão em toda a universidade e dar suporte para os projetos independentes.
A iniciativa começou em 2005, quando a professora Luiza Santos, do Instituto Saúde da Comunidade, na UFF, decidiu sensibilizar os colegas de Medicina para lidar melhor com a temática da deficiência. Foi quando Luiza percebeu como é difícil trabalhar de forma isolada e decidiu ampliar o projeto.
- O importante é que tudo na UFF tenha sensibilidade. Temos que pensar nessa questão em todos os momentos. Quando você muda para os deficientes, você também ajuda os outros. Não é favor, são melhorias para o bem de todos – afirma Luiza.
Em janeiro de 2006, o Sensibiliza se tornou um Grupo de Trabalho, com participação de professores de diversas áreas e técnicos-administrativos, apoiado pela Pró-Reitoria de Assuntos Acadêmicos - Proac. Esse ano, o GT ganhou mais colaboradores: entidades parceiras de Niterói, como a Associação de Pais e Amigos dos Deficientes da Audição (Apada) e Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef) e alunos com e sem deficiência da universidade.
Uma dessas estudantes é Vanessa Rodrigues. Aos 24 anos, faz Química Industrial e já está no Grupo há um ano. Como deficiente auditiva, mas oralizada, suas principais queixas estão relacionadas a professores despreparados
- Não necessito de intérprete e sim que os professores fiquem de frente pra turma e falem um pouco devagar, porém eles não estão acostumadosa lidar com os deficientes. Sei que eles não fazem por mal, mas sempre esquecem de virar pra turma. Outra dificuldade são os professores estrangeiros que não sabem falar bem português. Já peguei três desse tipo.
No Sensibiliza, Vanessa é de grande importância. Uma das principais funções dela é apontar as dificuldades que alunos como ela enfrentam.
- O projeto quer melhorar ainda mais a inclusão de novos universitários, recebendo-os bem. Pretende também diminuir e até mesmo extinguir as barreiras existentes, como as arquitetônicas e educacionais.
As mudanças arquitetônicas e estruturais são consideradas mesmo fundamentais:
- Com certeza , meu maior problema é a inadequação do espaço físico, principalmente o piso de paralelepípedos, porque é impossível transitar de cadeira de rodas dentro do campus – afirma Renan Prestes, aluno de Ciências Sociais e cadeirante.
O Sensibiliza tem diversas vertentes. Uma delas é facilitar a entrada de estudantes com deficiência na Universidade. Por isso, atua também no vestibular. A idéia é que os alunos disponham de maior infra-estrutura para facilitar na hora da prova.
Além disso, o projeto também quer suprir as necessidades dos alunos, professores e técnicos com deficiência que já estão na Universidade. Para isso, é preciso treinar e orientar os profissionais para que passo atender melhor essas pessoas.
A última conquista do Sensibiliza foi ter sido selecionado para o Programa Incluir, do Ministério da Educação (MEC). A partir disso, o projeto vai se tornar um Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão.
As próximas batalhas do Núcleo já estão definidas: estabelecer aos poucos um acervo de textos em braile, abrir portas para estágios de pessoas com deficiência, garantir um transporte entre os campus e fazer oficinas de libras para professores e funcionários.
- A importância maior do Sensibiliza, não é para o integrante, ou para as pessoas que têm alguma necessidade diferente da maioria. A importância é para a própria UFF. As Universidades, principalmente as públicas, são espaço para democracia. Espaços que ajudam a sociedade a crescer. Assim, a UFF deveria estar preparada para acolher a todos e não marginalizar ninguém. Tem que ser um exemplo para um país excludente como o nosso – conclui Renan.
Hoje, o Sensibiliza conta com apoio de 10 professores, 11 instituições parceiras e cerca de 11 núcleos internos da UFF. Além dos técnicos e alunos com e sem deficiência. Como coordenadoras estão Luiza Santos e Cristina Delou.
Fotos: Paulo Rodrigues
Clique para o Site do Prjeto SENSIBILIZA

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